Catequese Mariana

Catequese Mariana

Por que celebrar Maria (Primeira parte)

Vamos analisar os fundamentos dogmáticos que o culto a Maria apresenta. E o faremos através de uma rápida leitura de algumas afirmações que se encontram nos documentos do magistério.

Fundamentos Dogmáticos 

O documento sobre a renovação da liturgia do concilio vaticano segundo, a Sacrosanctum Concilium, no número 102, explica o sentido do ano litúrgico como celebração do mistério de Cristo, e afirma: “relembrando os mistérios da redenção, a Igreja coloca os fiéis em contato com a riqueza das virtudes e méritos do seu Senhor, que se torna de certa maneira presente a todos os tempos, e lhes abre o acesso à plenitude da graça da salvação”.

Portanto, celebrar o mistério de Cristo na liturgia quer dizer entrar em contato, hoje, na atualização do evento celebrado, com a salvação que o próprio Cristo nos deu através da sua vida, morte e ressurreição.

Nessa celebração do mistério de Cristo, continua dizendo o mesmo documento no número 103, “a Igreja venera, com amor peculiar, a Bem-aventurada Mãe de Deus, Maria, que está intimamente associada à obra salutar de seu Filho”.

Anna Maria Calzolaro

Missionária da Imaculada-Padre Kolbe


Por que celebrar Maria (Segunda parte)

No trecho 103 da Sacrosanctum Concilium percebemos dois motivos fundamentais do culto à Virgem: 

Primeiro motivo: “A Igreja venera, com amor peculiar, a Bem-aventurada Mãe de Deus” (Dei Genitricem). O concílio, ao escolher entre os muitos títulos da Virgem o de “Mãe de Deus” quer mostrar o motivo principal da veneração da Igreja a Maria de Nazaré: a maternidade divina.

Segundo motivo: “… intimamente associada à obra salutar do seu Filho”. Se a celebração dos mistérios de Cristo é celebração da salvação, Maria é aquela que esteve intimamente associada ao seu Filho nessa salvação.

Consequentemente, celebrar por completo a obra salvífica de Cristo implica celebrar adequadamente a participação da Virgem nesta obra, à qual ela está intimamente associada.

A autoridade do documento, o contexto litúrgico, o tratado explícito da matéria e os termos técnicos usados conferem um grande valor a esse, embora breve, texto conciliar.

A cooperação da Bem-aventura Virgem na obra da salvação é, sem dúvida nenhuma, o fundamento cultural que encontra mais consenso no âmbito litúrgico.

Ambos os motivos aqui enunciados colocam o culto à Virgem num contexto fortemente cristocêntrico.


Por que celebrar Maria (Terceira parte)

A Constituição sobre a Igreja, Lumen Gentium, em seu número 66, na qual se fala sobre expressamente sobre o fundamento do culto à Maria, não pensa diferentemente: “Por graça de Deus, depois do seu Filho, Maria foi elevada acima de todos os anjos, e de todos os homens, como Santíssima Mãe de Deus, que esteve presente aos mistérios de Cristo e por isso merece, com razão, um culto especial da Igreja”. Também neste trecho o primeiro motivo do culto à Virgem é a maternidade divina; em seguida, sublinha-se a participação de Maria nos eventos da nossa salvação: a encarnação, o nascimento, a apresentação no templo, a epifania, preparação do Reino, a morte e a ressureição.

É importante salientar que essa cooperação de Maria na obra da salvação é repetidamente sublinhada no capitulo VIII da Lumen Gentium

n. 53 A virgem Maria “cooperou no nascimento dos fiéis que, na Igreja, são membros da mesma cabeça”. 

n.  56: “Com razão, os santos padres acham que Maria não foi associada passivamente, mas colaborou para a salvação humana na liberdade da fé e da obediência. Como diz São Irineu, pela obediência Ela se tornou causa da salvação para si mesma, e para o gênero humano”. 

n. 61: A Santa Virgem “cooperou de maneira toda especial com a obra do salvador, pela obediência, pela fé, e pela caridade ardente, para a restauração da vida sobrenatural das almas”.

n. 63: Nossa Senhora “deu à luz o Filho, que Deus estabeleceu como primogênito de muitos irmãos, os fiéis, em cuja geração e educação coopera com amor materno”. 

Esses textos afirmam com absoluta clareza dois fatos:

* Maria de Nazaré, associada por livre beneplácito de Deus à obra da salvação de Cristo, realmente cooperou para a salvação da humanidade;

* por causa dessa cooperação, Maria é de fato mãe na ordem da graça.